Instituto Pensar - Caso Marielle Franco: mais um delegado sai das investigações

Caso Marielle Franco: mais um delegado sai das investigações

por: Mônica Oliveira 


Daniel Rosa, que liderava o inquérito, deixa a Delegacia de Homicídios do Rio (Foto: divulgação/EBC)

A investigação sobre os homicídios de Marielle Franco e Anderson Gomes trocou de mãos pela terceira vez. O delegado titular da Delegacia de Homicídios do Rio de JaneiroDaniel Rosa, que esteve à frente do inquérito e das investigações do caso por um ano e seis meses, foi exonerado na madrugada de sexta-feira (18).

Agora, o delegado Moisés Santana, que era titular da Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense, assumiu a Delegacia de Homicídios da capital e será o responsável por investigar o duplo homicídio.

De acordo com a Veja, a saída foi determinada por Allan Turnowski, novo secretário da Polícia Civil do Rio, nomeado para o cargo na última segunda-feira (14), pelo governador interino, Cláudio Castro.

Trocas

A primeira fase das investigações foi comandada pelos delegados Giniton Lages, Fábio Cardoso e Rivaldo Barbosa. À época, o governador era Luiz Fernando Pezão (MDB), mas a segurança pública no Rio estava sob intervenção federal, conduzida pelo general Walter Braga Netto e o secretário de Segurança, Richard Nunes.

O trio de delegados foi substituído em 2019 e o núcleo investigativo passou a ser comandado por Antônio Ricardo e Daniel Rosa, com apuração dos mandantes das execuções.

Agora, os delegados Roberto Cardoso, novo titular da Departamento Geral de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHGPP), e Moysés Santana assumem a próxima etapa do inquérito, que reúne 65 volumes e mais de seis mil páginas.

Leia também: Por unanimidade, Alerj aprova prosseguimento de impeachment de Witzel

A mudança na estrutura da DHGPP acontece em meio a investigações de grande repercussão, que além do caso Marielle e Anderson Gomes, assassinados em 14 de março de 2018, também apuram os crimes relacionados a bicheirosmilicianos e contraventores e ao Escritório do Crime.

Segundo a Veja, a troca no departamento estaria em contrariedade com promessa feita pelo governador interino ao deputado federal Marcelo Freixo (PSOL), amigo pessoal e padrinho político de Marielle. No início de setembro, Castro teria se comprometido pessoalmente com Freixo a não mudar o núcleo investigativo do caso.

Departamento estratégico para a nova gestão

O departamento é visto como "profundamente estratégico? pela nova gestão e o novo titular é lido como um delegado de confiança de Turnowski.

"Quero trazer pessoas da minha confiança para o primeiro e segundo escalões, e isso foi feito. Esses diretores que foram escolhidos por mim de forma técnica, transparente e sem qualquer interferência política escolhem seus delegados titulares para trabalharem consigo, também de forma técnica e sem interferência?, declarou Turnowski ao negar interferência política, em vídeo divulgado na noite de quinta-feira (17).

Ainda segundo Turnowski, o novo titular do caso Marielle Franco contribuirá com "nova estratégia? para as investigações. "A ideia é que antecipe a descoberta de eventuais mandantes desse crime. O delegado Moysés tem muita experiência nessa questão de combate à milícia?, prosseguiu o novo secretário.

Legado de Rosa no Caso Marielle e Anderson Gomes

Tanto Daniel Rosa como Antônio Ricardo deixam um legado de investigações. Sob o comando deles, a delegacia da capital, junto ao Ministério Público do Rio (MP-RJ), desencadeou a Operação Tânatos, que levou à prisão de Leonardo Gouvea da Silva, o Mad, em 30 de junho. Além de Mad, foram presos outros milicianos relacionados ao Escritório do Crime, organização criminosa que trabalha a mando de contraventores e exerce domínio das comunidades de Rio das Pedras e Muzema, na zona oeste do Rio.

Mad é citado por investigadores como substituto do ex-capitão do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), Adriano Magalhães da Nóbrega, que foi assassinado em fevereiro, na Bahia, durante uma operação policial com objetivo de capturá-lo.

A última operação, batizada de Dèja Vu (que significa algo já visto, em tradução livre), relacionada ao caso Marielle e Anderson, foi deflagrada no início de setembro.

Rosa já era o responsável pela investigação da morte de Marielle em outubro de 2019, quando o depoimento de um porteiro envolveu o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no caso. Bolsonaro, que na época do crime era deputado federal, e Ronnie Lessa, um dos acusados pelo assassinato, tinham casas no mesmo condomínio, na Barra da Tijuca (zona oeste do Rio).

Daniel Rosa assume a 15ª Delegacia de Polícia na Gávea, zona sul do Rio, e Antônio Ricardo comandará a 28ª DP, em Campinho, na zona norte da capital.

São 922 dias sem apontar os mandantes

Hoje completa 922 dias sem apontar os mandantes e o porquê do assassinato da vereadora e de seu motorista. O PM reformado Ronnie Lessa e o ex-PM Élcio de Queiroz estão presos na Penitenciária Federal de Porto Velho, em Rondônia, e são os réus apontados pela Polícia Civil e pelo MP-RJ como executores dos assassinatos de Marielle e Anderson.

Com informações da Veja



0 Comentário:


Nome: Em:
Mensagem: